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domingo, 24 de outubro de 2010

A fé não costuma falhar

Anna Carolina Lima

Igreja Católica se desenvolveu com muita intensidade na parte baixa da cidade do Salvador

"Nas últimas décadas a Cidade Baixa passou a representar o centro da fé católica em Salvador". É com essa afirmação que o antropólogo Roberto Albergaria explica que apesar de ser um espaço profano como outro qualquer em Salvador, o andar de baixo da cidade é endereço certo da devoção dos fiéis. As romarias e as festas são fatores que fortalecem essa fé do povo itapagipano. Lá também é possível encontrar as mais famosas igrejas da capital baiana: do Bonfim, da Boa Viagem, da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, da Conceição da Praia, de Alagados, de Santa Luzia, de Nossa Senhora dos Mares, do Mont Serrat, da Penha e do Rosário.

A devoção popular se evidencia com as romarias feitas ao longo do ano em direção à Igreja do Bonfim, principal centro religioso da cidade e onde acontece a lavagem das escadarias, da Boa Viagem, com a tradicional procissão do Bom Jesus dos Navegantes, da Conceição da Praia, com a festa de sua padroeira em dezembro, e a de Alagados, construída para a visita do Papa João Paulo II, em 1980. Além disso, a fé católica do itapagipano se fortalece com a devoção a Irmã Dulce, o "anjo bom da Bahia", lembrada através do Hospital Santo Antônio, e de Irmã Lindalva, morta com 44 facadas por um interno do Abrigo Dom Pedro II, e beatificada em 2007. "A morte de irmã Lindalva coincidiu com o dia da Paixão de Cristo. Esse contexto é de impressionar porque ela uniu seu sofrimento dom o Dele, ambos na Sexta-feira Santa", conta irmã Cristina Gomes, superiora do Abrigo Dom Pedro II.

Segundo Roberto Albergaria, criou-se um mito de que a Cidade Alta, por abrigar o poder, é profana, e a Peníinsula Itapagipana, por ser o centro de romarias, a cidade sagrada, a "nova Jerusalém". No século XVIII, com a construção da Igreja do Bonfim, a devoção era marítima pelo fato de a igreja ter sido erguida por pessoas do mar. "Tudo que era feito em Salvador tinha relação com a Baía de Todos os Santos. A Igreja do Bonfim foi o ponto principal para o início do fortalecimento da fé católica na Cidade Baixa", afirma.

Para o padre, André Souza CP (Congregação Passionista), a importância da localização "Cidade Baixa" é o anúncio de Jesus Cristo. "Na frente dessa espiritualidade está o sincretismo que faz parte do povo baiano. A fé deles é mais popular do que religiosa", diz.

A religião vem conquistando cada vez mais jovens. Como é o caso de Uilson Souza, 26 anos, que se tornou católico há sete. Desde pequeno era forçado pela família a participar dos rituais da igreja. "Nunca gostei dessas obrigações de católico. De ter que ser batizado, crismado e ir para aulas de catequese", conta. Hoje, coordenador do grupo EVA (Evangelização da Vida e do Amor), participa das romarias que acontecem na Cidade Baixa e se considera um católico fervoroso.

"Me sentia vazio, tentava me preencher através dos prazeres da vida e não conseguia. Certo dia fui ver a apresentação de um grupo da Renovação Carismática e o que senti lá não tem como explicar. Naquele momento fui tocado por Deus". A partir daí me tornei católico e isso só foi possível porque tive fé”, revela. Uilson acredita que haverá um aumento no percentual de pessoas católicas, não só na Península Itapagipana, como em toda Salvador. “A necessidade de algo mais na vida das pessoas está aumentando. E isso que falta atende pelo nome de Deus. Mas para que haja esse aumento de seguidores, é preciso que todos tenham a vontade de evangelizar”, diz.


Ramificação do cristianismo que atrai cada vez mais adeptos em todo o mundo, o catolicismo é uma palavra de origem grega que significa “universal”. Seu surgimento é datado no século XVI através da expansão do Império Romano e da colonização da América pelos portugueses. Religião de caráter monoteísta, tem como doutrina a Santíssima Trindade que é a divisão de Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Os católicos acreditam que a salvação humana só é alcançada através da fé em Jesus Cristo.




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