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segunda-feira, 16 de julho de 2007

Boa Noite e Boa Sorte

Anna Carolina Lima
Boa Noite e Boa Sorte é um filme que gira em torno do senador americano Joseph McCarthy e do jornalista, âncora e diretor do Departamento de Educação da Rede de Televisão CBS, Edward R. Murrow.
O início de toda a problemática tratada pelo longa, foi a denúncia pública sem provas que o senador McCarthy fez na década de 50 (auge da Guerra Fria) e a posterior perseguição aos supostos integrantes do Partido Comunista infiltrados no governo americano. Com medo de serem alvo de suas acusações, poucos jornalistas se manifestaram contra o político. Sendo exceção, Murrow e sua equipe compram briga com o senador e resolvem expor ao público sua conduta duvidosa.
O filme é uma espécie de junção de documentário com ficção. O roteirista e diretor George Clooney utiliza imagens e citações reais do senador Joseph McCarthy e do jornalista Edward R. Murrow para compor as cenas. O cenário é o estúdio da Rede de Televisão americana CBS, situada em Nova York.
Filmado em preto-e-branco e com uma linguagem direta, o longa conta como Edward R. Murrow e sua equipe de reportagem “atacava” McCarthy através do programa de linha investigativa, See It Now, no qual Murrow era âncora. Foi desse programa que surgiu o título do filme. Encerrando cada edição, o apresentador dizia a seguinte frase para os telespectadores: “Boa Noite e Boa Sorte”.
Além de mostrar um período importante na história dos Estados Unidos, o filme dá uma idéia geral ao público expectador de como é o funcionamento de um ambiente jornalístico. O predomínio do clima de tensão, o compromisso com a verdade dos fatos, mesmo que a conseqüência seja a pior possível, e a luta do produtor e dos repórteres contra o tempo (utilizando como exemplo a rede de TV CBS).
Baseado em fatos reais, Boa Noite e Boa Sorte transporta da tela para o mundo a discussão polêmica sobre a censura imposta por McCarthy aos cidadãos americanos.

domingo, 1 de julho de 2007

Entrevista: Gildo Lima

Luz, câmera e click

O fotojornalista pernambucano Gildo Lima, 55 anos, começou sua carreira no jornal Diário de Pernambuco, em 1969. Em 1973 foi para o jornal A Tarde, seguido de Correio da Bahia, Tribuna da Bahia, Jornal do Brasil, revistas Placar, Veja e Isto É, Agecom e como free-lancer na Associated Press (AP). Atualmente, juntamente com Carlos Casaes, é chefe da editoria de fotografia do jornal A Tarde.
Em entrevista exclusiva à estudante Anna Carolina Lima ele conta, num clima descontraído, alguns aspectos de sua profissão.
Anna Carolina Lima É fato que com o avanço da tecnologia há uma certa facilidade em se conseguir tirar uma foto. Qual a sua opinião sobre os Paparazzi?
Gildo Lima
Paparazzi são contratados por uma pessoa ou uma empresa, assim como o fotojornalista é, só que com uma diferença, eles são especialistas em fotografar pessoas públicas, o chamado flagrante, já o fotojornalista é responsável pelo registro da informação através das imagens. Então, acho válida a profissão de paparazzi, porque é um meio de sobrevivência deles. Desde que atuem com ética e não firam os valores humanos só para conseguirem a foto perfeita, não tenho nada contra.
ACL – Algumas pessoas acham que tirar foto é fácil, é só enquadrar e acionar o disparador. O que você diria a essas pessoas?
GL – Eu diria a elas para estudarem fotografia porque já diz a frase: “Uma imagem vale mais que mil palavras”, por isso numa imagem se tem muita informação a ser percebida pelo observador e pelo fotógrafo. Para se obter um fotograma adequado é preciso ter noções não só de enquadramento, como também de luz e sensibilidade.
ACL– O que você acha do Photoshop? Na sua opinião esse programa deixa o fotógrafo “relaxado” no momento que vai tirar uma foto pelo simples fato de saber que depois poderá fazer alterações?
GL – O Photoshop é um programa de tratamento da imagem, por isso deve ser utilizado para os devidos fins. É muito bom, acelera o trabalho dos fotojornalistas e dos fotógrafos em geral. Tenho certeza de que o Photoshop não deixa o fotógrafo “relaxado” porque ele tem a mesma função que a câmara escura (ampliador) tinha no passado; ou seja; depois do negativo toda foto passa por um laboratório para receber uma quantidade adequada de luz com a finalidade de se obter uma boa imagem. Com o Photoshop não é diferente, ele vai tratar a foto para que se tenha um resultado final perfeito. Antes se fazia montagem no laboratório para a imagem ser de qualidade, agora se utiliza o Photoshop.
ACL – No início do século XX o texto jornalístico passou a vir acompanhado da imagem (fotojornalismo). Na sua opinião, em se tratando de século XXI, os jornais devem conter imagens sensacionalistas?
GL – Não. Porque para se ter credibilidade não precisa ser sensacionalista, apesar de ainda existirem jornais que fazem isso. Com a concorrência com o jornalismo on-line e com a TV, o jornal impresso tem que mudar sua cara para sobreviver. Alguns jornais estão contratando empresas de consultoria para darem cursos visando essa melhoria.
ACL – Você se sente prejudicado sabendo que, com a explosão de vendas de máquinas digitais no mercado, qualquer pessoa pode tirar um foto e enviá-la para um veículo de comunicação?
GL – Não. Isso é até bom porque, sabendo que qualquer um pode enviar uma foto para um veículo de comunicação, aumentando assim a concorrência, eu vou ficar mais atento com o meu trabalho, buscando cada vez mais especializações e cursos, me esforçando e me interessando mais para realizá-lo com eficácia e agilidade. Entretanto, essas pessoas vão ter que disputar espaço.
ACL – Você prefere trabalhar com máquinas digitais ou analógicas? Por quê?
GL – Com digitais. Porque é quase que impossível trabalhar com máquinas analógicas com a crescente velocidade da informação. Numa partida de futebol, por exemplo, o fotojornalista além de levar o material necessário para a máquina, leva também um lap top para tirar a foto e enviá-la simultaneamente para o veículo de comunicação. Se fosse fazer o mesmo trabalho com uma analógica ele iria perder muito tempo, primeiro porque teria que levar todo o material de revelação, desde o fixador até o papel, e contar com a sorte para conseguir revelar a foto.
ACL– Qual a sua opinião em relação ao fotojornalismo moderno? O que é preciso para melhorá-lo?
GL – O fotojornalismo moderno está com uma linguagem nova, as fotos estão sendo mais fechadas (mais close e gestos). O Brasil está muito bem representado por ele. Aqui se tem muitos nomes consagrados e muitos talentos a serem revelados. Acredito que o século XXI está sendo o século do fotojornalismo, pena que nos últimos 10 anos a Bahia tenha deixado escapar ótimos fotojornalistas para outros estados e para o exterior. Não é preciso fazer nada para melhorar o fotojornalismo. Está muito bom e crescendo cada vez mais.
ACL – O que é preciso para ser um bom fotojornalista? Qual o conselho que você dá para as pessoas que pensam em seguir essa carreira?
GL – É preciso estudar muito, tomar cursos, ler muitos livros sobre fotografia, ter um bom olho clínico (sensibilidade), humildade, ser responsável pela informação, ser verdadeiro e estar no lugar certo e na hora certa.
ACL – Quais são seus projetos para o futuro?
GL – Só tenho um projeto. Pretendo publicar um livro contando as histórias que aconteceram comigo ao longo da minha carreira.