Visualizações de página

domingo, 1 de julho de 2007

Entrevista: Gildo Lima

Luz, câmera e click

O fotojornalista pernambucano Gildo Lima, 55 anos, começou sua carreira no jornal Diário de Pernambuco, em 1969. Em 1973 foi para o jornal A Tarde, seguido de Correio da Bahia, Tribuna da Bahia, Jornal do Brasil, revistas Placar, Veja e Isto É, Agecom e como free-lancer na Associated Press (AP). Atualmente, juntamente com Carlos Casaes, é chefe da editoria de fotografia do jornal A Tarde.
Em entrevista exclusiva à estudante Anna Carolina Lima ele conta, num clima descontraído, alguns aspectos de sua profissão.
Anna Carolina Lima É fato que com o avanço da tecnologia há uma certa facilidade em se conseguir tirar uma foto. Qual a sua opinião sobre os Paparazzi?
Gildo Lima
Paparazzi são contratados por uma pessoa ou uma empresa, assim como o fotojornalista é, só que com uma diferença, eles são especialistas em fotografar pessoas públicas, o chamado flagrante, já o fotojornalista é responsável pelo registro da informação através das imagens. Então, acho válida a profissão de paparazzi, porque é um meio de sobrevivência deles. Desde que atuem com ética e não firam os valores humanos só para conseguirem a foto perfeita, não tenho nada contra.
ACL – Algumas pessoas acham que tirar foto é fácil, é só enquadrar e acionar o disparador. O que você diria a essas pessoas?
GL – Eu diria a elas para estudarem fotografia porque já diz a frase: “Uma imagem vale mais que mil palavras”, por isso numa imagem se tem muita informação a ser percebida pelo observador e pelo fotógrafo. Para se obter um fotograma adequado é preciso ter noções não só de enquadramento, como também de luz e sensibilidade.
ACL– O que você acha do Photoshop? Na sua opinião esse programa deixa o fotógrafo “relaxado” no momento que vai tirar uma foto pelo simples fato de saber que depois poderá fazer alterações?
GL – O Photoshop é um programa de tratamento da imagem, por isso deve ser utilizado para os devidos fins. É muito bom, acelera o trabalho dos fotojornalistas e dos fotógrafos em geral. Tenho certeza de que o Photoshop não deixa o fotógrafo “relaxado” porque ele tem a mesma função que a câmara escura (ampliador) tinha no passado; ou seja; depois do negativo toda foto passa por um laboratório para receber uma quantidade adequada de luz com a finalidade de se obter uma boa imagem. Com o Photoshop não é diferente, ele vai tratar a foto para que se tenha um resultado final perfeito. Antes se fazia montagem no laboratório para a imagem ser de qualidade, agora se utiliza o Photoshop.
ACL – No início do século XX o texto jornalístico passou a vir acompanhado da imagem (fotojornalismo). Na sua opinião, em se tratando de século XXI, os jornais devem conter imagens sensacionalistas?
GL – Não. Porque para se ter credibilidade não precisa ser sensacionalista, apesar de ainda existirem jornais que fazem isso. Com a concorrência com o jornalismo on-line e com a TV, o jornal impresso tem que mudar sua cara para sobreviver. Alguns jornais estão contratando empresas de consultoria para darem cursos visando essa melhoria.
ACL – Você se sente prejudicado sabendo que, com a explosão de vendas de máquinas digitais no mercado, qualquer pessoa pode tirar um foto e enviá-la para um veículo de comunicação?
GL – Não. Isso é até bom porque, sabendo que qualquer um pode enviar uma foto para um veículo de comunicação, aumentando assim a concorrência, eu vou ficar mais atento com o meu trabalho, buscando cada vez mais especializações e cursos, me esforçando e me interessando mais para realizá-lo com eficácia e agilidade. Entretanto, essas pessoas vão ter que disputar espaço.
ACL – Você prefere trabalhar com máquinas digitais ou analógicas? Por quê?
GL – Com digitais. Porque é quase que impossível trabalhar com máquinas analógicas com a crescente velocidade da informação. Numa partida de futebol, por exemplo, o fotojornalista além de levar o material necessário para a máquina, leva também um lap top para tirar a foto e enviá-la simultaneamente para o veículo de comunicação. Se fosse fazer o mesmo trabalho com uma analógica ele iria perder muito tempo, primeiro porque teria que levar todo o material de revelação, desde o fixador até o papel, e contar com a sorte para conseguir revelar a foto.
ACL– Qual a sua opinião em relação ao fotojornalismo moderno? O que é preciso para melhorá-lo?
GL – O fotojornalismo moderno está com uma linguagem nova, as fotos estão sendo mais fechadas (mais close e gestos). O Brasil está muito bem representado por ele. Aqui se tem muitos nomes consagrados e muitos talentos a serem revelados. Acredito que o século XXI está sendo o século do fotojornalismo, pena que nos últimos 10 anos a Bahia tenha deixado escapar ótimos fotojornalistas para outros estados e para o exterior. Não é preciso fazer nada para melhorar o fotojornalismo. Está muito bom e crescendo cada vez mais.
ACL – O que é preciso para ser um bom fotojornalista? Qual o conselho que você dá para as pessoas que pensam em seguir essa carreira?
GL – É preciso estudar muito, tomar cursos, ler muitos livros sobre fotografia, ter um bom olho clínico (sensibilidade), humildade, ser responsável pela informação, ser verdadeiro e estar no lugar certo e na hora certa.
ACL – Quais são seus projetos para o futuro?
GL – Só tenho um projeto. Pretendo publicar um livro contando as histórias que aconteceram comigo ao longo da minha carreira.

5 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a entrevista, especialmente a primeira pergunta que já é uma "saia justa", nem td fotografo responderia de boa.
parabéns

Anônimo disse...

A entrevista feita com o fotojornalista Gildo Lima está simplesmente ótima!!!!! Vc abordou aspectos importantes e indispensáveis do fotojornalismo, tais como: photoshop, paparazzi, técnicas de uma boa foto e a linguagem do fotojornalismo. Gildo já tem muita experiência na área, o que demosntra em suas respostas claras e precisas. Admiro muito o trabalho dele!!!!
Parabéns Anna Carolina!!!! Continue assim!!!!!

Anônimo disse...

Grande dupla: Anna Carolina e Gildo Lima, só podia resultar nesta ótima entrevista!
Parabéns Anna, seu blog está muito bom!Vc é uma grande promessa do nosso jornalismo! Filha de peixe....
Bjs,
Margarida Neide

Anônimo disse...

Adorei todas as entrevistas,mais essa está espetacular.
Depois de visitar este blog percebi a veracidade do ditado popular "Filhinho de peixe, peixinho é".
Parabéns Carol!!!
Sucessoooooooooo!!!!!!!!!!!!

Leandro Lins disse...

Bela matéria! Gostaria de saber onde posso entrar em contato com ele para saber onde ele trabalhava no ano de 1993, pois estou realizando um trabalho sobre a região da Linha Verde(Bahia)e me deparei com uma matéria deste ano e queria saber em qual jornal ele trabalhava neste ano.
Att. Leandro Lins