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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Artigo: Mulheres que mandam no campo e nas quadras


Por Anna Carolina Lima*

As mulheres estão comprovando que podem ser bem sucedidas em diversos cargos que ocupam na sociedade. Muito preconceito tem sido quebrado. E no esporte não é diferente. O sexo frágil também é capaz. 

Um exemplo disso é o da treinadora de futebol Nilmara Alves, 31 anos, ex-jogadora da modalidade, que entrou para a história por ser a primeira mulher a comandar um time profissional masculino de futebol paulista, o Academia Desportiva Manthiqueira, na cidade de Guaratinguetá.  

A luta de mulheres como Nilmara que buscam espaço no âmbito esportivo tem sido repleta de conquistas. Os resultados não são vistos apenas nos pódios, com as atletas. Nos bastidores, as treinadoras mostram tanta competência, dedicação, profissionalismo e seriedade quanto os homens. Isso mostra aos poucos que elas estão conquistando esses espaços dominados por eles. 

A cearense Maria Carolina Esteves, 25 anos, treinadora de judô, que atua como técnica desde os 23 comprova isso. 

“O judô por ser uma luta de contato ainda é considerado por muitos um esporte masculino e por isso em alguns momentos não deixa de existir um certo preconceito, por parte de pessoas que não conhecem a arte marcial e acreditam que os homens são mais capacitados para ministrar as aulas. Mas, essa interpretação é logo colocada à prova pelos próprios colegas de trabalho que acompanham as propostas e execução dos trabalhos, assim como esclarecem as pessoas menos informadas sobre meu currículo desportivo e acadêmico”.

“Comecei a treinar a partir de um convite para ministrar aulas de judô infantil em virtude do bom relacionamento com o público infantil e experiência judoística”, conta Maria Carolina, que no momento treina atletas da classe infanto-juvenil (11 e 12 anos), pré-juvenil (13 e 14 anos) e juvenil (15 a 17 anos) para vários campeonatos estaduais. 

Ela relata que desde as categorias de base participou de competições e treinamentos de campo (treinos realizados pelas federações e confederação de judô), mantendo o ritmo até a classe sênior (adulta). “Acumulei alguns títulos e grande conhecimento sobre judô, mas com o passar dos anos a satisfação de subir ao pódio foi aos poucos transformando-se em vontade de ensinar e repassar o pouco que aprendi dentro do shiai-jô (local onde são realizados os combates)”.  Hoje ela faz parte da equipe de técnicos da AABB Salvador/Sport for Kids que possui alguns atletas campeões brasileiros regionais juvenis e pré-juvenis.

Assim como a época de atleta, as treinadoras também têm momentos marcantes na carreira que só fazem enriquecer o trabalho. “Assim como foi fantástico receber minha primeira medalha, foi idêntica a sensação de ver meu primeiro aluno receber sua primeira medalha. É como se através dele eu  pudesse retornar ao passado, imaginando o quão é significativo aquele momento para ele e perceber que talvez a felicidade dele foi a maior recompensa do trabalho que foi feito durante os treinos, o fruto de planejamento, dedicação e confiança construídos a cada dia entre sensei (professor em japonês) e aluno”, lembra Maria Carolina. 

Outros exemplos de mulheres que se destacam como treinadoras, assim como Nilmara e Maria Carolina, são:  Helena Costa, que com apenas 30 anos tornou-se a primeira treinadora de futebol da seleção feminina na história do Qatar; a gaúcha Denise Bicca Fernandes, uma das treinadoras de cavalos mais requisitadas do país, chamada para palestras, cursos e missões de "resgate" em quase todos os Estados; Lurdes Lutonda, única mulher treinadora de futebol na Angola; e Hope Powell, primeira mulher a obter uma licença profissional da UEFA, em 2003. 

Maria Carolina lista as competências para ser uma boa treinadora. 

“Acredito que um técnico deve ter experiência competitiva para conseguir entender o que o seu atleta passa dentro do shiai-jô, conhecimento acadêmico para entender o processo de planejamento de treino, conhecimento judoístico para que as técnicas dos golpes sejam repassadas, e muita fé para acreditar naquilo que faz”. 

Para quem quer tentar a vida como treinadora, as dicas para o sucesso na carreira em qualquer modalidade esportiva são manter a postura profissional, não levar em conta o domínio masculino e estar sempre atualizada e bem preparada para a função. 

“As dificuldades sempre existem, principalmente no começo, onde há bastante dúvida, e ocorre a fase de adaptação, que é a transição da vida de competidor para a carreira como técnico, mudando assim objetivos e prioridades, mas a busca constante por novos conhecimentos e a prática acaba nos tornando melhores a cada passada dada, golpe ensinado e ippon (golpe máximo) executado”, finaliza.

*ARTIGO PUBLICADO NA MINHA COLUNA EM FOCO DO SITE BAHIA MULHER

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