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sábado, 16 de abril de 2011

O ring da Copa

Anna Carolina Lima

Uma cidade pode andar mal das pernas ou, muitas vezes, alejada em todos os sentidos, principalmente quando se trata de assuntos tão sérios para uma população como saúde, segurança, educação, infra-estrutura e transporte.
A morosidade na execução de politicas públicas, seja por falta de vontade e empenho dos gestores, desorganização no planejamento, insuficiência de verbas, ou outros impasses sacrificam o desenvolvimento urbano em tempos comuns.
Já em época de eleição promete-se de tudo. Nenhum candidato mede esforços para nada. Até o céu é oferecido ao eleitor. Entretanto, quando esse “Deus” assume o poder todas as promessas são esquecidas. Mas quando o assunto é Copa do Mundo a mobilização chega até ser surpreendente porque todo tipo de esforço é garantido no meio político. Mesma mobilização em época de eleição. Considerando isso encaro uma copa do mundo como uma eleição. Os candidatos políticos correm para campanhas e promessas. O mesmo acontece com uma disputa mundial. As cidades sede correm com as obras e melhorias. Coisa que em tempos de vaca magra não se vê. Tenho a sensação de que as autoridades públicas tomam uma injeção de ânimo e coragem para arregaçar as mangas e trabalhar em prol de um evento que acontece de quatro em quatro anos. Coincidentemente é o mesmo período do mandato de um governador e de um prefeito. João Henrique que o diga, está correndo atrás do prejuízo com essa Copa. Espero que depois que o torneio acabe as melhorias não sejam esquecidas como acontece com as promessas depois das eleições.
O anúncio feito pela Fifa, em maio de 2009, de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014 foi recebido com muita alegria por todos. Acredito que a comemoração foi mais intensa entre a população brasileira porque, sem dúvida, é uma grande oportunidade para as cidades sede dos jogos renascerem das cinzas. Tudo que não é feito durante os tempos comuns é realizado numa motivação sem precedentes. Como diz a jornalista Daniela Prata: “Ô! Graças a Deus”! Uma copa pode fazer milagres na vida urbana de uma população, que sempre clama por melhorias na saúde, educação, segurança e transporte. Penso que agora esses clamores podem ser atendidos, mas não podem ser esquecidos depois da copa, hein... torço para que não seja efêmero.
Entre todas as cidades candidatas para sediar os jogos, quem tem na lista São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Cuiabá, Curitiba, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro, evidencio Salvador como exemplo para análise.
O primeiro passo dado pelo governo da Bahia para o andamento dos trabalhos foi criar uma secretaria especial para tratar de Copa. A Secopa, Secretaria Extraordinária para Assuntos da Copa do Mundo de 2014, comandada por Ney Campello, é a responsável por cuidar de tudo que envolve esse grande evento esportivo mundial.
Salvador vem com tudo ao ring para conquistar o cinturão de ferro. Está entre as sedes e ainda investe com todas as forças na campanha Abre a Copa Salvador (muito evidente no Carnaval deste ano, e que continuará também no São João) para abrigar o jogo de abertura da competição. Saiu na frente, ano passado, ao dar início à construção de um estádio que substitui a Fonte Nova. Os adversários que se cuidem. A preferida dos turistas está com sede de vitória. Mas, para levar o cinturão a baianinha tem que rebolar, pois tem passado por muitos problemas de mobilidade, segurança e saúde. Para uma copa do mundo tudo tem que estar em perfeitas condições. E se isso não estiver nos trinques adeus, copa.
A primeira capital do Brasil corre contra o tempo tendo em vista sediar esse jogo de abertura. Se realmente é esse o desejo é preciso ficar atento aos prazos e obedecer aos critérios adotados pela Fifa: estádio, mobilidade, segurança, saúde, porto, aeroporto, hotelaria e serviços. Vale ressaltar as medidas que vêm sendo tomadas para que o anúncio, que será feito no dia 29 de julho deste ano, seja favorável a Salvador. Algumas obras, como a Via Expressa, já estão prontas, outras, como a Arena Fonte Nova, estão em andamento, e outras ainda, como a requalificação da Estação da Lapa e uma passarela entre o Terreiro de Jesus e o bairro da Saúde, estão sendo planejadas. Só não entendo por que é necessário ser candidata a sediar uma copa para uma cidade progredir.
Mas nem tudo são flores. Voltando aos termos mal das pernas e alejada, ultimamente Salvador está mal das pernas e se não tomar cuidado corre o risco de ficar alejada. Não é o que queremos, mas a situação da saúde, da educação, da segurança pública e do transporte não está nada boa. Casos como o desabamento de parte do teto do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães, com as chuvas de março; os constantes engarrafamentos; a própria falta de estrutura da cidade percebida nos tempos de chuva; a violência e o domínio do tráfico de drogas; a defasagem do sistema ferry boat; a falta de segurança em pontos turísticos, como o Centro Histórico; as péssimas condições de saúde e educação; os buracos nas estradas; as obras do metrô super atrasadas; os atrasos também no andamento das obras da Arena Fonte Nova (apenas 15% da obra está pronta); sem falar da indefinição em relação ao transporte urbano: se adotar o sistema BRT (Bus Rapid Transit) ou VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Diante desses exemplos listados percebe-se que é preciso rebolar para resolver esses e outros problemas a tempo. Pelo menos duas obras estão seguindo cronograma: a ampliação do Porto de Salvador e do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães. Aplausos!
Salvador tem grandes desafios sim, está mal das pernas sim, mas sobe ao ring da Copa em busca do nocaut. Se Deus quiser, e com muito trabalho e disposição dos “boxeadores políticos” tudo vai dar certo para que a baianinha não perca a candidatura bem como a sede da abertura da Copa do Mundo de 2014.

Um comentário:

Ganah disse...

Bem,tem gente que pode até me bater, mas definitivamente, não sou a favor de Salvador sediar a abertura da Copa 2014 e nem de fato, o Brasil ser o país-sede do maior evento futebolístico do planeta. Foram gastos milhões para construções de estádios, infraestrutura e mobilidade urbana. Por que não se gastam os mesmos milhões para os gargalos como educação, saúde, tecnologia e segurança pública? Isso é fato: não temos estrutura pora sediar um evento do porte como este,não mesmo. Os gastos desenfreados do governo, serão postos a prova no futuro e mais uma vez, somos não que vamos sentir os impactos, desculpe, mas somos nós que vamos tomar no c*.
Carol, o blog está de parabéns! =)