Brasil de luto pelas vítimas de massacre no Rio

Anna Carolina Lima

Há muito tempo que ouço notícias de massacres feitos por pessoas transtornadas a escolas e universidades. Parece script de novela ou roteiro de filme de guerra, sempre com as mesmas características e os mesmos desfechos: os loucos invadem as instituições de ensino, atiram sem dó nem piedade para todo o lado, acabam com a vida de seres humanos inocentes e indefesos, e depois cometem suicídio. Se vacilar até o passarinho que atravessar por eles vira alvo de suas fúrias ou ressentimentos. A troco de que? Para que?

Esses assassinatos em massa já aconteceram com frequência nos Estados Unidos (1989, 1997, 1998, 1999, 2005, 2007), na China (2010), no Japão (2001), na Alemanha (2002), na Argentina (2004) e no Canadá (1989). Tendo como o mais famoso o caso de 1999, nos Estados Unidos, que foi transformado em documentário, intitulado Tiros em Columbine.

Com essa frequência de acontecimentos do tipo no mundo mais um não seria novidade. E cada vez que virava notícia milhões de brasileiros diziam num só coro: "ainda bem que não tem isso no Brasil". Pois é, caro leitor, não tinha. Infelizmente ontem, 07, o primeiro caso com essas características aconteceu em uma escola municipal do Rio de Janeiro, no início da manhã.

A gente sai de casa, mas não sabe se volta vivo. Não questiono aqui a falta de segurança nas escolas, o que também pode ser levado em consideração daqui para frente, mas quem imaginaria que uma manhã normal de aulas se transformaria em poucos segundos numa manhã trágica para muitas famílias e para todo o Brasil? Temos o hábito de pensar que nunca vai acontecer nada de errado com a gente ou com pessoas próximas a nós. Olha ai o engano. As cenas de horror bem antigas lá nos EUA se repetiram aqui. E logo num lugar apropriado para servir de base para a construção de muitos sonhos, através da educação. Esse mesmo lugar foi cenário para a destruição desses sonhos.  

Um cidadão, jovem de 24 anos, planeja uma volta arrasadora à escola em que estudou, fortemente armado, bem vestido, disfarçado de palestrante e começa um ataque a crianças e adolescentes que ele nem conhecia, que não tinham culpa por nenhum dos seus problemas particulares. Falta de pai e mãe, de amigos, e introspecção podem ser resolvidos de outra forma. E não tirando a vida de quem tem pai e mãe e amigos, que nesse momento sofrem inconsolavelmente a perda de seus meninos e meninas.  

Crianças indefesas, inocentes, cheias de vida morrendo de uma forma tão brutal, inconsequente e impiedosa por um psicopata e calculista. Ah, porque ele tem problemas mentais, é filho adotivo, sofreu disso, sofreu daquilo... NÃO INTERESSA! Isso não é motivo para ele interromper o sonho desses pequenos.

Até agora foram contabilizadas 12 mortes, em sua maioria meninas, o que prova a fria seleção do assassino. Será que a revelação que fez em dizer que era virgem, na carta que deixou, tem alguma relação com isso? Gente, o cara foi determinado a causar uma tragédia muito maior. Ele sabia manusear uma arma, foi preparado com munição e muita vontade de matar. Um animal desse não tem coração. Vale ressaltar que a tragédia só não foi maior por causa de um sargento que o atingiu na perna. Foi ai que ele viu que estava completamente dominado pela força policial e se matou. Coitado dele se não fizesse isso.

Não tem quem não se emocione com esse fato. Cada vez que passa nos veículos de comunicação, principalmente na televisão, cada um de nós se envolve de alguma maneira. O Brasil está de luto com essa tragédia sem precedentes na história do país e presta solidariedade às famílias das vítimas...