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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Analisando: Liberdade de expressão 2

Anna Carolina Lima

Para aqueles ignorantes que acham que liberdade de expressão tem o mesmo significado de liberdade de imprensa, como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, Heródoto Barbeiro explica a diferença brilhante e claramente: "Liberdade de expressão não se confunde com liberdade de imprensa. Vai mais além. É um direito fundamental humano, uma vez que atende ao princípio do direito de informar e ser informado. Garante que todos podem expressar livremente suas ideias, seus sonhos, sem qualquer limitação. A liberdade nunca saiu para lugar nenhum. Sempre esteve aqui garantida pela Constituição".
Distinguir as duas formas de liberdade entre-linhas é o que faz o livro escrito por Carlos Heitor Cony, Heródoto Barbeiro e Artur Xexéo, Liberdade de expressão 2. Mergulhando na leitura da obra o leitor pode perceber facilmente que o que os três fazem é, nada mais nada menos, que exercer o direito garantido a toda pessoa pela Constituição Brasileira de 1988, que é manifestar opiniões, sem qualquer tipo de restrição ou impedimento. A narração do livro é totalmente baseada em discordâncias de opiniões, mas todos manifestam as suas livremente. Isso é democracia! 
Impressa pela Editora Futura, em 2004, na segunda edição da obra os autores debatem no ar do programa de rádio da CBN assuntos diversos, oferecendo uma visão multifacetada da realidade com muita dose de humor e espontaneidade. Um tema já é o suficiente para dar início a série de discussão protagonizada por Cony, Heródoto e Xexéo. Esse tema inicial deságua em outros temas. A ideia é essa: um puxa o outro. É assim que o programa não tem script, roteiro e nem hora para acabar.
O Liberdade de expressão 2 começa com um papo dos autores falando de suas carreiras antes de entrar para o Jornalismo. Heródoto era professor de História, Xexéo fazia Egenharia e Cony foi escritor.
Finalizada a passagem pela vida profissional de cada um, eles discutem sobre a criação de um Conselho Federal dos Jornalistas para possivelmente punir os erros cometidos pela imprensa, regular a profissão ou até evitar tais erros. Citam como exemplo o caso de Ibsen Pinheiro, que foi acusado injustamente de possuir conta de 1 milhão de dólares, em matéria publicada pela revista Veja; e lembram a Escola Base, caso muito estudado em ética nas escolas de Jornalismo.
Temas como diploma de nível superior em Jornalismo, a internet como promotora da liberdade de expressão, tal como a apuração e punição de crimes no meio, a recuperação de ferrovias brasileiras, a aprovação da lei de crimes hediondos (estupro seguido de morte), pena de morte, religião, CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), vida fora do planeta Terra, pirataria no Brasil e a era Vargas também são tratados no livro. Parando para analisar é verdade que nenhum assunto tem a ver com o outro, mas é ai que também mora a liberdade de expressão. Eles debatem o que querem e nisso ninguém pode interferir, senhor Gilmar Mendes.
Quando o livro foi publicado a infeliz, impensável e injusta decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão ainda não tinha sido tomada. Total falta de conhecimento da atividade jornalística. Isso sim! Liberdade de expressão nunca pode ser confundida com liberdade de imprensa.
O livro nasceu em 2004 e a decisão foi anunciada em 2009. Mais um motivo para Gilmar ter lido antes de fazer essa besteira com minha categoria. Quero tirar ele no amigo oculto e vou dar esse livro como presente de Natal. Bem verdade que a decisão já foi tomada e muita gente já foi prejudicada, em maior grau a sociedade, que tem seu direito a informação de qualidade ameaçado, mas creio que seja mais uma forma dele ver que errou feio.
Transcrevo aqui um dos trechos mais importantes do livro e que alerta para um dos prejuízos (a falta de credibilidade) com a retirada do diploma de Jornalismo:
Heródoto Barbeiro: "Xexéo, se publicassem uma notícia dizendo que britânicos preferem chá ao invés de sexo ao acordar, você acreditaria ou não?"
Carlos Heitor Cony: "Como é a história?"
Artur Xexéo: "Os britânicos preferem chá ao invés de sexo ao acordar".
Heródoto Barbeiro: "Foi uma pesquisa publicada recentemente dizendo o seguinte, que o britânico..."
Artur Xexéo: "Perguntaram pra quem? Quem respondeu?"
Pois é, meus caros, essa é uma das consequências de decisões ignorantes.


2 comentários:

Anônimo disse...

O livro parece ser muito bom. Vc comprou onde, em? rsrsrsrs

Carol seus textos são ótimos. Vou parafrasear Dóris Veiga: "Como assim você ainda não esta trabalhando?".

Sucessoooooooooo!!!!!!

Anna Carolina Lima disse...

Meu querido amigo Hebert que me deu!!! rsrsrrss. É muito bom mesmo, só falta ler a primeira edição... obrigadaaaaa pela visita e pelo comentário!!!! Enquanto não chega o emprego fixo, vou trabalhando para o blog.