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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Choquei!

Anna Carolina Lima


Como diz o personagem Cássio, da novela Caras e Bocas, "choquei" ao ler a matéria intitulada Estatuto do Crime, veiculada na edição de ontem (06) pelo CORREIO. Foi descoberta a publicação de normas de conduta para os presos do Pavilhão 1, da Penitenciária Lemos Brito (PLB).

Mesmo sendo sancionada e publicada há quatro meses, a existência dessas rigorosas leis presentes numa cartilha encadernada, impressa e distribuída entre os internos da Penitenciária só veio à tona agora. Assume a autoria da publicação, a comissão de internos do Pavilhão 1 da PLB, Ordem e Progresso, liderada pelo maior traficante da Bahia, Ravengar, preso desde 2004. É ele que determina as regras e quem será punido. Onde está o Estado, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos que não sabiam disso? Precisou a imprensa "abrir a boca" e denunciar para que eles tomassem conhecimento dessa afronta e ousadia dos criminosos. Isso prova a ineficiência das políticas do Estado com o sistema carcerário. Abram o olho! Sem falar que nos faz pensar na mega organização que o crime tem.

Sabemos que sempre existiu regimento interno em todo regime carcerário do mundo, mas informal. Porém chegar a esse ponto das regras de convivência serem digitadas, encadernadas e distribuídas entre os presos, realmente é de deixar qualquer cidadão de bem chocado, "rosa chiclete", expressão também utilizada pelo Cássio da citada novela. Volto a dizer que essa lei do crime já existe há quatro meses. Isso é mais um dos indícios de que é falha a segurança nos presídios baianos, pois a impressão foi feita fora da penitenciária. E a pergunta é: como e através de quem isso chegou à PLB?

O tal "código de ética" possui seis páginas e 14 "Obediências", que subistituem os artigos de uma lei comum. A cartilha do crime dita o comportamento que os internos devem ter e chega a prevê severas punições a quem sair da linha, como espancamentos. Os infratores também são obrigados a ficarem de joelhos para rezar.

Parabenizo a imprensa por fazer com que o Estado fique sabendo o que acontece dentro das cadeias e tome suas providências.

Um comentário:

Ganah disse...

Pois é Ana, vergonha nacional. Que Estado e Polícia são estas, que não foram capazes de enxergar tal afronta?
A audácia é tamanha, que diante do fato, só podíamos ficar vermelhos mesmo...
vermelhos de vergonha por termos um Estado falido e incopetente, incapaz de reformular um sistema carcerário condizente com a realidade do sistema social brasileiro.
Alô sociedade, vamos acordar! Lembrem-se que somos nós que decidimos os governantes que queremos, para dirigir e administar o Estado.
No fundo mesmo, somos nós que financiamos toda esta maçã podre que está aí...